Aos sons da escuridão que soprava á sua volta, Ally, estava deitada no chão coberto de folhas, esperando que alguém aparecesse para te ajudar. Estava inconsciente, tentando se lembrar de como tinha parado ali, no chão daquela noite escura, sem lua.
- Ally! Ally... acorde! – uma voz emanava até seus ouvidos. Ela sentiu que alguém tinha a pegado no colo e, enfim, levado para casa.
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Acordei meio tarde hoje, que não do meu costume. Abri os olhos e olhei em volta e senti uma pequena pontada de dor na cabeça. Fui até o banheiro e me olhei no espelho. Meu rosto estava estragado: borrado, por causa da maquiagem preta; meu cabelo estava bagunçado e com algumas folhas, onde eu estava deitada, na noite passada; e um corte no meu ombro perto da clavícula, três arranhões, alinhados na diagonal. Tentei me lembrar do que tinha acontecido, mas não conseguia. Acho que bati a cabeça em algo com muita força. Me deu branco.
- Ally! Ally, querida, desça para tomar seu café! – gritava seu pai
- Já estou descendo!! – gritou de volta. Amarrou seu cabelo em um coque de qualquer jeito e desceu.
- Bom dia papai! – disse em um sorriso indiferente
- Bom dia filha. Dormiu bem? – perguntou
- Hm... o que o senhor acha? – dei de ombros. Fui até o armário e peguei uma caneca – O que houve ontem á noite? Não me lembro de... quase nada.
- Você sumiu ontem de noite, bom, era umas 6 da tarde, e você disse que ia sair.... não me disse com “quem” iria ou “aonde” iria. Aí começou a ficar muito tarde e nada de você. Fiquei preocupado e fui te procurar.
Só isso? Não acredito que fiquei todo esse tempo com dor de cabeça e com uma sensação estranha!
- E...? – disse querendo que ele contasse o resto
- E encontrei você na floresta no chão, com a cabeça sangrando. Não sei o que houve realmente. E acho que você também não se lembra.
- É, não me lembro – coloquei a mão na minha cabeça e senti o corte – Bom trabalho Sr. McCan, pelo menos me encontrou viva! Mas não me lembro do que houve noite passada. Está tudo confuso.
- Pois é, Dona Ally McCan, e se talvez conversar com seus amigos te faça lembrar algo? Preciso saber o que está acontecendo com você.
- Ok... Vou á casa da mamãe depois da escola, tá bem? – coloquei a caneca na pia, um beijo no rosto do meu pai e subi para trocar de roupa.
Meu quarto estava uma bagunça. Tinha de apenas trocar de roupa, pegar o material e ir pra escola. Uma roupa bem quente, por sinal, estava chovendo muito. Não era o que eu queria numa cidade como Detroit. Na escola, estava tudo a mesma coisa, via as mesmas pessoas, nos mesmos lugares. Eu era uma espécie de “nova carne”, era caloura e não conhecia muitas pessoas de lá. Eles sempre me encarando como se eu tivesse algum problema ou algo do tipo. Mas tinha a parte de “eu tenho alguns amigos”, e realmente tinha. A Violet, que era minha parceira na aula de química, era uma boa amiga. Ela era descolada, engraçada, sempre fazendo brincadeira de tudo. E seus cabelos vermelhos já diziam isso. Ela era uma espécie de “garota selvagem” e com ela, eu era tipo sua “cria”, que ela ficava cuidando.
Entrei na sala e ainda estava meio vazia, mas Violet, já havia chegado. Me sentei ao seu lado.
- Bom dia – disse.
- Bom dia Anjinha!!! – cantarolou ela. Fiz uma careta de dor com a mão na cabeça. Ela tirou minha mão da cabeça e colocou a dela, verificando o que eu estava tocando.
- Meu Deus! O que aconteceu com sua cabeça? – perguntou horrorizada!
- Pra falar a verdade: eu não sei. – expliquei – meu pai disse que eu saí ontem á noite, e quando ele me encontrou eu estava inconsciente no chão, na floresta.
- Anjinha! Você ficou maluca?
- Não! Eu não sei o que aconteceu, mas... tenho uma sensação....
- Boa ou ruim? – ela interrompeu
- Também não sei. Nem lembro do que houve ontem. – Ao terminar de falar, ele apareceu. Ele. Não sei o que me fazia ficar atraída pelo Evan.
Ele é o mais veterano dos veteranos naquela escola. Então eu e nem ninguém sabia nada sobre ele, a não ser isso. Ele parecia ser tímido, quieto e devia ter muitas coisas para contar, partilhar e... esconder. Seus olhos eram azuis, pareciam pedras preciosas brilhantes. Seus cabelos louros do jeito bagunçado, jogado pro lado, deveriam ser sedosos e macios. Era alto, pele branca e de um olhar encantador.
Nunca havíamos conversados ou trocado algum gesto. Eu o apenas via com seu amigo Bryan, pareciam irmãos quando estavam juntos. Só de olhar para ele, e para seu olhar, já perdia o fôlego. Olhava para baixo, pros lados, respirava fundo. E aquele friozinho na barriga. Ele realmente provocava algo em mim. Não poderia se estava apaixonada ou não por ele. Também é confuso distinguir o que eu sinto.
Ele se sentou na cadeira ao lado da minha e da Violet. E parecia que minha agonia e nervosismo estava passando para ela.
- Ally, você está bem? – perguntou ela cutucando meu braço
- Oi? Ahh sim, sim! Estou ótima. – ela me assustou – Eu estava perdida... pensando.
- Tudo bem então – disse, por fim. O Professor Lewis havia chegado. Ele não era muito de conversar, mas também não era o pior professor do mundo.
Eu disfarçava olhares lançados para Evan. E ele parecia focado no que Lewis estava dizendo. Olhei outra vez e percebi uma ponta de uma tatuagem em seu ombro. Entre minha falta de atenção, tentando distinguir o que era a tal tatuagem, Lewis me chamou a atenção.
- Ally! Ally!
_ Oi? O que? Oh me desculpe Professor Lewis, eu estava … distraída.
- Da próxima não tem perdão. – disse
- Tudo bem – disse baixinho
Olhei, disfarçadamente para Evan de novo, e desta vez ele notou. Nossos olhos se encontraram e eu fiquei presa naquelas bolas azuis, brilhantes e encantadoras. Ele me deu um meio sorriso, me deixando sem graça.
